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domingo, 1 de janeiro de 2012

As "Intermitências" do sobrenome Serzedello / Serzedelo

 As "intermitências" do apelido (ou sobrenome) Serzedello:

Datando de 1860/1870 o movimento (e a "sociedade" com esse mesmo nome e desígnio) para a Criação do Registo Civil e que era comum a Portugal e ao Brasil, no Brasil terá conseguido o seu objectivo a partir da 1870/1880 (aliás, em termos administrativos o Brasil estará desde o séc. XIX uma "época" - 30 a 40 anos - à frente de Portugal).
Mas em Portugal só após a implantação da República é que os registos respeitantes à população civil deixaram de ser efectuados e "conservados" nos cartórios paroquiais. Por ordem legislativa da "República", a partir de Abril de 1911 passou a existir Registo Civil, conduzindo às Conservatórias como hoje as conhecemos. Até lá, esse "cartório" (nascimentos, casamentos, óbitos, testamentos, etc.) estava exclusivamente confiado à Igreja, sem uma matriz civil e administrativa definida e igual para todo o território, vagamente orientada por duas ou três leis régias em dois séculos e sem outra ou supervisão continuada que não fosse a das Dioceses, prosseguindo essas os interesses "notarial" da Igreja e satisfazendo mal ou "diagonalmente" o registo o civil ou administrativo. Sendo cada pároco, na sua respectiva paróquia, ao mesmo tempo o conservador e o "escrivão" desse notário; sendo "suas" as regras de assento ou registo, os livros paroquiais revelam bem quer as variações de humor quer de ideologia social do "escrivão-conservador", além de ao longo de um mesmo livro de assentos serem bem visíveis as mudanças de pároco e "ideologia".

Variando ainda este "notário" com o meio ou região e a maior ou menor importância social de cada sobrenome em cada específico local, os Serzedello, tal como aconteceu com muitos outros, foram mantendo ou "deixando cair" o sobrenome: Em Lisboa e no Brasil manteve-se até hoje, apenas se perdendo nos casos em que os casamentos (e a lotaria/predominância de sobrenomes dos nubentes) vai atribuindo outros apelidos aos descendentes, como será o caso dos descendentes do ramo Serzedello-Pressler, por exemplo. No norte de Portugal (Póvoa de Lanhoso ou Amares e Braga) são ainda os próprios indivíduos ou o padre (ou ambos) que o "deixam cair" em vida. 

O caso mais significativo pode ser compilado nos sucessivos assentos paroquiais, da família de José Joaquim Barbosa Serzedello (Amares, Portugal): nascido e baptizado Barbosa Serzedello, irmão mais velho de Bento José Barbosa Serzedello, depois de ter estado até por volta de 1861 no Brasil, onde esteve estabelecido como negociante, regressou a Portugal onde enviuvou (tinha casado com uma prima igualmente Serzedello, enviuvou muito cedo e com 33 anos regressou a Amares), tendo voltado a casar.

No assento deste seu segundo casamento, com Olívia Vieira da Cunha, efectuado em Amares, mantêm-se os apelidos Barboza Serzedello, assim como se mantêm nos assentos de nascimento dos seus primeiros filhos, António José, Elvira Cândida e José Joaquim. Mas do quarto filho em diante o seu nome completo passa a ser escriturado apenas como José Joaquim Barbosa. A questão: porque deixa cair o apelido Serzedello?). 

Os seus filhos assumem como nome completo Fulano Vieira (da mãe) Barbosa (do pai). Mas e tal como já tinha acontecido nas gerações dos seus pais e avós, quase todos foram para o Brasil onde se radicaram e aí chegados recuperaram imediatamente o apelido Serzedello porque integravam uma vasta família conhecida e respeitada sob esse sobrenome. Nna primeira metade de 900, eram já centenas os Serzedello estabelecidos no Brasil, para onde foram, senão mais cedo, logo nas primeiras décadas de 800). 
É o caso  - entre outros - de Arthur Vieira Barbosa (Serzedello), nascido em 1879, sétimo filho na ordem de nascimento de José Joaquim Barbosa Serzedello e Olívia Vieira da Cunha que, tendo ido para o Rio de Janeiro em 1900 ou 1901, onde se estabeleceu com a Farmácia Moderna (farmácia e artigos hospitalares), nos planos civil, comercial, e administrativo passou a ser Arthur Vieira Barbosa Serzedello, com toda a legitimidade, dado ser esse o apelido paterno. Em 1909 nasceu a sua única filha Antónia Amélia, cuja certidão identifica (3ª Circunscrição do Registo Civil) como Antónia Amélia Barbosa (volta a ser omisso o apelido Serzedello). Tendo esta, apesar da nacionalidade Brasileira, vindo para Portugal após a morte dos pais, casou, viveu e faleceu cá, ninguém mais na sua linha de descendência (uma filha e seis netos) teve o apelido Serzedello (Serzedelo, após o acordo ortográfico da 1ª República).

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