A firma João António Pereira Serzedello & Companhia, "Droguista, comércio de produtos químicos" , terá sido criado por João António no início do Sec. XIX, na Rua Direita de S. Paulo, nº 53, em Lisboa. Como já havia Serzedellos radicados nesta mesma freguesia de S. Paulo desde meados do sec. XVIII, é de crer que poderá ter sido por influência ou acção destes que João António foi para Lisboa, assim como a enveredar pelo negócio dos produtos químicos. Por outro lado, resultando os produtos químicos que vendia do tratamento de matérias primas oriundas do Brasil e estando os Serzedello igualmente radicados no Brasil, or um lado estavam facilitadas as condições para que mais Serzedello fossem para o Brasil e assim começaram as relações e representações comerciais entre os Serzedello.
É igualmente possível afirmar que João António Pereira Serzedello teve um papel importante no entrosamento dos seus sobrinhos José António, António José e António Joaquim nesse mesmo ramo de negócio. Foi com eles fundador da Serzedello & Companhia, sediada no Largo do Corpo Santo, nº 7, em Lisboa, firma que viria a ser o mais importante laboratório-fabrica português de química e farmácia do séc. XIX e que se mantém ainda hoje entre os mais importantes na história da química e farmácia portuguesas.
Esta relação do entre tio e sobrinhos Pereira Serzedello terá durado, apesar de tudo, pouco tempo. De acordo com o anúncio publicado na gazeta de Lisboa nº 225 de 23 de Setembro de 1824 (Pgª 1078), o tio João António deixou a sociedade que criou com os sobrinhos (Serzedello & Companhia) em 18 de Novº de 1822. Aliás, esta ruptura parece ter sido envolta em alguma acrimónia, a julgar pelo azedo diálogo entre tio e sobrinhos mantido através de sucessivos anúncios publicados neste mesmo órgão oficial ao longo deste mês de Setembro de 1824, designadamente,
a) por anúncio publicado na Gazeta de Lisboa nº 213 de 9 de Setembro de 1924, para proteger o seu negócio do do seu Tio João António, os irmãos António José, José António e António Joaquim Pereira Serzedello procuram distinguir o seu estabelecimento (Serzedello & Companhia) do daquele;
b) um pouco em jeito de retaliação, vem o tio João António duas semanas depois desmarcar-se dos sobrinhos na GL, nº 225 de 23 de Setembro de 1824,
c) reagindo estes mais veementemente no dia imediatamente seguinte, a GL nº 226 de 24 de Setembro.
Da leitura comparada destes dois últimos recortes fica a ideia de que teria havido antes um pleito judicial para decidir quem ficava com a firma Serzedello & Companhia, a decisão judicial terá ido no sentido de a atribuir aos sobrinhos (os Irmãos Serzedello como vão ser referidos ao longo de mais de meia centena de anos e ainda hoje o são em estudos de vária ordem) ficando o tio com a firma que já tinha constituída em 1822, como veremos abaixo.
Não conseguimos a esta distância e com a parca documentação de que (por agora) dispomos, sequer sondar as razões desta ruptura entre tio e sobrinhos e que tanto poderia ter origem nas mais comuns e comezinhas razões mercantis, como poderia ter à mistura questões mais profundas e estruturais, dissensões políticas e sociais, etc., porque já em 1822, e ainda um jovem, o sobrinho José António Pereira Serzedello se manifesta publicamente constitucionalista (partidário da Constituição de 1822) e é co-fundador da Sociedade Patriótica Constituição. De resto, este traço mais esquerdista e socialista dos Irmãos Serzedello vai manter-se nas gerações seguintes, como veremos adiante.
De todo em todo, tio e sobrinhos gozaram de maior probidade, acreditação e consideração entre os homens públicos e privados do seu tempo, abundando as referências publicadas que lhes atribuem inquestionáveis honradez, mérito e prestígio social.
Para concluir por agora sobre João António Pereira Serzedello e a firma João António Pereira Serzedello & Companhia, uma nota mais sobre este homem que está (também) presente na transição portuguesa do Mercantilismo para o Capitalismo em Portugal: Em 1821/1822 era fundado o Banco de Lisboa, estando a referida firma entre os seus fundadores e accionistas.
a) Correio do Porto 1822 pag.84
b) Gazeta de Lisboa
Não conseguimos a esta distância e com a parca documentação de que (por agora) dispomos, sequer sondar as razões desta ruptura entre tio e sobrinhos e que tanto poderia ter origem nas mais comuns e comezinhas razões mercantis, como poderia ter à mistura questões mais profundas e estruturais, dissensões políticas e sociais, etc., porque já em 1822, e ainda um jovem, o sobrinho José António Pereira Serzedello se manifesta publicamente constitucionalista (partidário da Constituição de 1822) e é co-fundador da Sociedade Patriótica Constituição. De resto, este traço mais esquerdista e socialista dos Irmãos Serzedello vai manter-se nas gerações seguintes, como veremos adiante.
De todo em todo, tio e sobrinhos gozaram de maior probidade, acreditação e consideração entre os homens públicos e privados do seu tempo, abundando as referências publicadas que lhes atribuem inquestionáveis honradez, mérito e prestígio social.
Para concluir por agora sobre João António Pereira Serzedello e a firma João António Pereira Serzedello & Companhia, uma nota mais sobre este homem que está (também) presente na transição portuguesa do Mercantilismo para o Capitalismo em Portugal: Em 1821/1822 era fundado o Banco de Lisboa, estando a referida firma entre os seus fundadores e accionistas.
a) Correio do Porto 1822 pag.84
b) Gazeta de Lisboa
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