António José Pereira Serzedello Júnior, Fº a 23 de Abril de 1883 (56 anos)
relatos fúnebres e biográficos
Folha Nova de 20 de Maio de 1883, pagªs 2 e 3,
"Homenagem ao Mérito"
OCCIDENTE nº 158 de 12 de Maio de 1883 pagª 110 e 112,
"António José Pereira Serzedello Júnior"
FOLHA NOVA:
"Homenagem ao Mérito
SERZEDELLO JUNIOR
Concorreram no funeral de Antínio José Pereira Serzedello
Júnior grande número de seus amigos íntimos, políticos, colegas e admiradores
das suas qualidades e do seu talento e muitos parentes, entre os quais algumas
damos. Estavam ali representadas todas as classes, e especialmente a classe
comercial. Entre as deputuções, que entravam
ni prestito, contavam-se o Conselho
Geral das Alfândegas e as de todas as associações a que o finado pertencera:
Comercial, Empregados do Comércio e Industria, Empregados
no commercio do Lisboa, Promotora
dos melhoramentos das Classes Laboriosas, Promotora dn Industria Fabril, Primeiro
de Dezembro, da Associação dos Jornalistas, do Mealheiro para as viúvas e órfãos,
etc. A Associação dos Empregados do Comércio e Industria levava o seu pendão. No
cemitério estavam em filas os alunos do Asylo Municipal e a respectiva
bandeira.
Da porta do cemitétio para a capella
pegaram nas argolas do caixão os membros da Direcção da Associação dos Empregados
no Comércio e Indústria, e tomaram as borlas as damas da família Serzedello que
tinham querido incorporar-se no préstito, e eram as Senhoras Dª Emília Serzedello
Mendonça, Dª Carolina Serzedelo
Lima, Dª Amélia Serzedello Freire, Dª Júlia Rosa Serzedello, Dª Maria
Carolina Serzedello,
Dª Elvira da Conceição Serzedello, Dª Laura Pereira Serzedello, Dª Adelina Carlota
Serzedello, Dª Maria Ribeiro da Silva
Serzedello, Dª Amélia Freire Serzedello,
Dª Emília Cecília Serzedello Mendonça e Dª CVarlota Maria Ribeiro da Silva
Serzedello.
Da capella para o jazigo pegaram as
argolas os parentes mais próximos do finado e as borlas os Srs. Visconde de
Ribeiro da Silva, Castanhira das Neves, conselheiros Antonto
Augusto de Aguiar, Ferreira de Mesquita
e Carlos Ferreira
dos Santos Silva, Dr. Gabriel de Freitas A. J. Freixão
Coelho, Eduardo Coelho.
Antes de entrar o féretro no jazigo
falaram os Srs. Rosa Araujo,
Silva Lisboa,
ppresidente da Associação dos Empregados no Comercio de Lisboa; Francisco Ferreira da Costa
(Guinarães, presidente da dírecçfto da Associação dos Empregados no Commercio e
Industria; Alfredo P. Pinto, presidente do conselho fiscal da mesma Associação;
Antônio Joaquim Leite,
Ribeiro, Freixão Coelho, como vogais da Commissao Primeiro de Dezembro; O Conselheiro
Carlos Santos,
como presidente da Associação Commercial.
Todos os oradores se referiram às
qualidades do falecido, e aos serviços que ele prestou em diversas situações, já
em desempenho de comissões oficiais, já no commércio, já nas associações
populares, ou como professor e orador, ou como simples sócio e membro dedicado
nos corpos gerentes das ditas associações.
Sobre o féretro iam cinco coroas: da
viúva do finado Serzedello Júnior, da sobrinha menor e das cunhadas que viviam
em casa d’elle; da associação dos empregados no comércio e indústria; e do seu primo, amigo e sócio,
Sr Augusto
Serzedello, que dirigia o sahimento e recebeu a chave do caixão.
O discurso do Sr. Rosa Araújo é o seguinte: - Meus senhores.— A Associação dos Empregados no
Comércio e Indústria cumpre hoje o dolorosíssimo dever do saudar na sua derradeira
passagem um dos seus mais beneméritos sócios.
O Sr.. Antônio José Pereira Serzedello
Júnior, presidente desde os primeiros dias da existência da Associação, quasi
sem interrupção até ao momento em que a morte nol-o veio roubar, deu á
associação, que tanto se orgulhou delle, o prestígio do seu nome e a autoridade
do seu saber.
Presidente no longo período de 27 annos, nós o vimos
sempre zeloso no cumprimento dos seus deveres,
Escrupuloso em procurar o meio de satisfazer a todos, e
quando não o podeia fazer, seguindo o caminho do que se lhe afigurava mais
justo e mais em harmonia com os interesses da Associação.
Não se limitou, porém, o Sr.Serzedello em cumprir
rigorosamente as obrigações do seu cargo.Para mais era sua aptidão. Nos fastos da nossa associação
há paginas brilhantes e d’essas são as primeiras letras que elle gravou com
letras de ouro.
Os seus estudos acerca do assuntos económicos, que elle
tantas vezes expoz no seio da sociedade, foram lição proveitosa e exemplo digno
de imitar-se, se não vivêssemos n'um meio em que a maior parte das vezes
verdadeiras futilidades preocupem o nosso espírito, de preferência ás cousas
úteis e verdadeiramente importantes….”
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